Apelidaram-me
de estraga prazer.
Já faz alguns anos, como reagi todo nervosinho, o apelido
pegou. O motivo?
Por um longo
período me fiz essa pergunta e, procurando respostas, cheguei à conclusão de que
eles estão certos e eu, contudo, fiquei ainda mais chato. É que tenho a
desagradável mania de falar a verdade e não ceder a opiniões se realmente os
argumentos não forem relevantes e convincentes. É, defendo meu ponto de vista
até o fim, às vezes, ou melhor, sempre pago caro por isso.
Dessa vez foi
o bendito comentário sobre a alegria das festas de fim de ano. Que infeliz
opinião a minha! Sabe, hora errada, lugar errado e com pessoas erradas; pessoas
que se ofendem e são do contra só para se colocarem em destaque? Porém dizem
que eu é que sou do contra. Compram, com o menosprezo dos outros, um lugar na
primeira fila no espetáculo da amizade e pagam ou oferecem como alegria aos
seus ídolos os defeitos dos outros, com piadas e puxa-saquismo. Bem aquele
tipo: o chefe abre a boca e ele já ri. Nos ambientes corporativos isso até que
é compreensivo. Mas nas festas de confraternização ou entre família?! Ah, dá um
tempo, né!?
Ah, sim! Claro,
eu conto; eu conto. O que aconteceu dessa vez foi o seguinte: Entre risos e
abraços e beijos, a galera, a meu ver, disputavam quem era o mais querido.
Nessa disputa pelo primeiro lugar contavam vantagem, uma piada, ou contavam um
feito muito interessante _ extravagante, eu diria. Todos eram super-heróis,
demais. Coitado de mim, eu sou um humilde observador, me sentindo perdido por
saber que comparado a eles, sou nada especial. Mas alguém me intima, medindo-me
rapidinho dos pés à cabeça, com certo desprezo, e me põem na roda.
_ Fala aí, meu,
o que você acha?
_ Eu diria que
podemos classificar certas datas como sendo o dia da falsa amizade. Todo mundo
se abraça, se beija, diz o quanto admira e até que ama, mas não sustentam essa
verdade nem por 24 horas. Aliás, no dia seguinte acordam com o espírito de
ressaca. O coração dói, o arrependimento sangra o coração, e já evitam olhar
nos olhos dos “amigos” de ontem. E pensam, com um nó na garganta: “Caramba! Eu abracei
fulano; aquele idiota! Não suporto ele.”
É, eu sou
mesmo um chato, um estraga prazer. Sou ou não sou? Mas, tudo bem; aprendo a
conviver com isso.
E no Brasil,
temos muitas datas que nos provoca ressaca de alegria: Confraternização, Natal,
réveillon, carnaval...
Ah, só mais
uma coisa, eu tive um amor e com ele eu esperava um fim de ano diferente. Não
rolou. Será que por isso fiquei assim?
Mas e você, tá
com essa cara por quê?
Bom,
de coração, Feliz Natal!