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domingo, 4 de janeiro de 2015

Dou-lhes o que querem


Cobram-me otimismo, eu lhes darei otimismo,
Falso otimismo.
Cobram-me mais alegria, eu lhes darei risos.
Até amor posso lhes dar,
Amor verdadeiro,
Porque amor falso não sobrevive por muito tempo.

Mas no seu egoísmo o mundo nem repara
Não lhes importa o certo e o errado, falso ou verdadeiro,
Se a joia é rara;
O que lhes interessa é receber o agrado
O qual acha que mereça
E corarem-se de glória dos pés à cabeça.

E se o mundo o agride com tanta demência
E se o falso supera a verdade com tanta eloquência
E se a dor apaga o riso
E se o mal supera o bem
E se o ódio invade o pensamento
E se o amor é sufocado, não importa;
O mundo já tem o que queria:
O falso brilho da joia imprópria.

Por que não posso ser triste?
Por que não devo estar insatisfeito?
Por que tenho de seguir protocolos, fingindo que está tudo bem e sou perfeito?
Por que você não pode ser você e eu não posso ser eu com nossos dons e nossos defeitos?

Por isso gosto do conforto do asilo da minha caverna
Só lá posso ser autêntico.
Nesse exílio escuro que tenta iluminar-se com a própria luz
É aonde encontro sentido para a força que me conduz.
Pra onde vou eu não sei, mas aqui não é o meu lugar.
Uma alma precisa ter direito a autenticidade,
Precisa do direito de ir e vir
E sonhar.
Quem sabe um dia...

Enquanto isso eu lhes dou o que querem:
Risos.


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