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sábado, 16 de janeiro de 2016

O mensageiro e a flor Salce




O mensageiro                   
Bate em minha porta delicadamente, respeitosamente
Sem receios ou expectativas
Como bom mensageiro simplesmente cumpre sua missão.
_ Eis tua encomenda! _ grita.

Tive bons pressentimentos, expectativas,
Ia quebrar a rotina.

Mas antes mesmo de abrir as portas já deleguei tarefas.
_ arrume essa bagunça!
E dei início à seleção de palavras, pois é esse o meu ofício: dar sentido à voz; só assim, às vezes escapo das garras da melancolia.

Por isso recruto palavras, as ordeno, as unifico e as espalho tal qual o vento espalha sementes aleatoriamente em um jardim.

As palavras são rebeldes e eu rude.
Eu as educo, elas me corrigem.
Assim seguimos horas a fio tecendo sentidos
E de vez em quando brotam flores da minha ilusão.

Quanto tempo elas duram?
Uma eternidade, um segundo...
O tempo de um amor.
O tempo de um amor perfeito, um verdadeiro amor... Eis o que procuro: amor!
E no amor o sentido da palavra amor.
Humanizadas, as palavras, finda a rispidez.

Ainda ontem, cedinho, dois monossílabos coloriram a primavera; ainda assim houve sensaboria pela manhã.
É que a vida exige boa harmonia, e se as cores não combinam a vida fica sem graça.

Mas surgiu luz. E o dia então se molda e se identifica pelo seu brilho cujos dedos longos tocam a natureza das existências. E naquela hora a natureza se regozijou e eu senti meu rosto como se beijado por um raio de sol.

A flor Salce surgira ainda pela manhã, logo após insípido café.
_ Prazer, Salce.

E quem diria que aquela manhã tornar-se-ia na primeira manhã de uma nova estação.

Escapou-me o primeiro nome.
Mas sentido, entretanto, não estava na palavra diferente, até então desconhecida, que traz em si humor inocente e frio. O sentido estava no brilho e nas ondas que coloria o instante. Nascera ali o dia e um novo tempo.

Eu tinha as encomendas e o mensageiro.
Além do mais eu tinha afazeres.

Eu que existia para colher poemas alheios passei então a cultivá-los.
Mas como são rebeldes as palavras! E como era rude meu coração!...

E o mensageiro entregou-me, além das encomendas para o meu ofício, recomendações:
Antes de tudo sejas prudente, tendes paciência, e separe do que receberes a emoção e a razão.

Eu, logo eu que apenas apanho palavras alheias!?
Justo eu que nunca preparei canteiros
Nunca cerquei o jardim nem conheço os limites do meu quintal, agora ter de regar flor tão rara e desconhecida!...

Tenho experiência em ser rude.
As desilusões me ensinaram coisas.
Do amor perfeito o que fica são lembranças, o mais é efêmero; é como a beleza inesquecível de uma flor que dura apenas um dia.

Mas o mensageiro do tempo, o dia, trouxera-me a nova flor: A Flor Salce.
Tênue rubor nas faces
Aveludada flor
Reluzente e gris,
Fruto de todas as estações.
O que dizer?! É meu maior encanto.
É meu amor.
É minha paixão...

Desde então eu só quero contemplá-la!
Agora tenho que zelar, cultivar sonhos e colher palavras...

Eu só queria contemplá-la,
Tocar em tuas mãos macias,
No cabelo caído sobre os ombros,
Contemplar teus olhos pacificadores e navegar...

Navegar ao som de invisíveis violinos, voz que só eu ouço.
Flutuar como espécie minúscula, de plumas leves, sobre mar tranquilo, sentindo o teu perfume e ouvindo tua voz,

Porque em ti, Luciane Salce, encontrei o sentido da palavra amor.


Love Me Like You Do (Violin Cover by Robert Mendoza) [from FIFTY SHADES...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

No oito às 14:00_retrato



À hora do almoço cessa a aflição.
Esqueço planilhas, segurança e compromissos.
É tempo de descanso.

A vaidade alimenta o orgulho e o contentamento oculta o nervosismo; assim se equilibra o homem vivido.

Às vezes as emoções se revezam.
O homem que anda tem os pés no chão, mas sua alma flutua.

Todos os olhares perseguem a beleza, ele atravessa, passo a passo, lado a lado com o encanto.

O que posso eu querer mais além de salada, arroz e feijão?
A inveja passa voando, da meia volta e paira sobre mim, mas é ruim de mira.
Outro pássaro gigante me assusta, mas não é ave de rapina.
Predadores rondam, miram, espiam.

O brilho da estrela ofusca a juventude e o sol escaldante desafia-lhes a fantasias.
_ Atravessemos a rua.
_ Vamos.

A mesa é farta.
Tem molho pra todo gosto
E legume combina com tudo.
Preferimos peixe, purê e maionese.
Dispensemos sobremesa.

Quisera ser cavalheiro, segurar a cadeira, provar e aprovar um bom vinho... quem sabe um dia.
Flores sempre hão de existir, um beijo na mão, uma música, uma poesia...
Quem sabe um dia.

“É duro não saber em qual ponto a gente se encontra no tempo.”, pensei, mirando aqueles olhos.
Metáforas
“Morrer de sede em frente ao mar...” _ Djavan.
“Será que é feliz? Qual será o seu maior sonho?”
Se eu pudesse ler sua mente, penetrar seu coração!...

Cotovelos na mesa
Inquieta
O olhar busca uma lembrança.

E disfarço minha desilusão e sufoco meu desespero.
Então a interroguei, passado e futuro.
Mas o que eu queria mesmo era o presente.
O presente e seu olhar
O presente e seus lábios, seu abraço, pra sempre tão boa companhia.

Cotovelos na mesa
O olhar busca uma lembrança.
Este é o momento, pensei, eu te amo!

Antes das 15:00:
A conta
Chiclete
Afazeres.

No fim do dia agradecimentos.
E por ser sexta já sinto saudades.


sábado, 2 de janeiro de 2016

Nasceu!

Enfim é chegada a hora
A tão esperada hora
A hora da graça
A boa hora
A hora da luz.
Acabara de nascer _ o filho do tempo _, é lindo.
Faltou-lhe fôlego, brevemente,
Mas agora está tudo bem.
Inspirou e respirou
Suspirou fundo
Chorou.
E ao abrir os olhos sorriu pasmo.
Ai, houve uma explosão de alegria.

As luzes cegam no primeiro instante, isso é natural, é assim para com todos até que...
Até que se envelheça e se aposente do ofício da contabilidade.
No entanto pernecerá para a eternidade seus feitos e os efeitos, somando-se aos demais. Portanto, permanecerá sendo contabilizado.

O destino é o que é, e quando eterno é eterno e inalterável.
Mas com o passar do tempo cresce algo como dedos e eles se alongam _ é para acariciar e seduzir as almas _ para assediá-las _ e as pega por trás a cada momento de glória ou vacilo.

Esses longos dedos nascem de um único instante chamado segundo.
E esse instante se multiplica em segundos, e se desdobra em horas, e se faz dia.
Mas este também se multiplica, diversifica de tanto se repeitir, contabilizando em conjuntos de sete; e de sete em sete se faz conjuntos diversos que tornam mêses e, no primeiro aniversário, morre.
Morre para atividades vulgares, entretanto, continua vivo, útil, necessário, essencial para a renovação.
Mas, na verdade, tudo nåo passa de um. Um instante de segundo.
A eterna existência está atrelada ao primeiro instante.
E toda a natureza é acondicionada à inspiração do instante.
Louco, né?!

O tempo não tem forma, não tem idade, não envelhece, não tem movimento...
O tempo não existe. O que existe é o instante, aquele momento. O instante de luz que se repete.
Por isso, meus caros, respire. Este instante é único e é o teu momento. Viva!

Pode ser que não seja este momento de glória nem de paz, mas é um instante de luz, porque a vida é o mágico instante, a luz que não se apaga.

Feliz Ano Novo!

Especial